O grupo Nova Vida Teatro e Dança da 3ª Idade é um dos pioneiros nesse tipo de trabalho com as pessoas idosas, em São Paulo, envolvendo artes cênicas, canto, um pouco de circo e muita dedicação. As pessoas são amadoras, mas a sua idealizadora é profissional, a atriz e diretora de teatro, Iara LourSi, que já dirigiu várias peças e também um longa metragem (Um voo para a Liberdade).
A base de ensaio fica na Zona Leste da capital, e é nessa parte da cidade onde mais se apresenta. No elenco atual tem pessoas dos 60+ até 90+. Para saber mais conversamos com a diretora, que também é professora aposentada da rede pública. Iara nos contou como a criação do grupo foi uma “nova vida para ela” e para os mais de 150 pessoas que já passaram pelo trabalho.
Jornal da 3ª Idade – A senhora faz um dos trabalhos pioneiros em São Paulo com teatro e pessoas da terceira idade. Quando começou essa experiência?
Iara LourSi – Minha formação como atriz e diretora de teatro foi em 2002. Foi nessa época que comecei a trabalhar com as pessoas idosas, que já era um propósito antigo. Batizei o grupo com esse nome Nova Vida, porque entendi que após a aposentadoria, esse seria realmente um novo caminho para mim e para tantas outras pessoas idosas. Passei a desenvolver esse projeto depois de encerrada outras etapas da vida, com as filhas formadas e casadas e a minha aposentadoria como professora da rede pública. A família apoia o meu neto de 14 anos e hoje faz parte da nossa trupe e cuida da sonoplastia e da iluminação. Tive uma peça que ficou em cartaz por dois anos, “ A última Primavera”, mas não consegui mais montá-la. Era um romance que abordava o envelhecimento e passava pela doença de Alzheimer.
Jornal da 3ª Idade – Quantas pessoas já passaram pelo Grupo Nova Vida Teatro e Dança? Como a senhora entende que o trabalho de apresentações mudou a vida delas?
Iara LourSi – Desde a nossa criação há 22 anos, já passaram pelo grupo mais de 150 pessoas idosas. Como é um trabalho que desenvolve a auto estima e a qualidade de vida, temos a inclusão de pessoas com deficiência física. Só não temos condições de trabalhar com aquelas que têm problemas cognitivos.
As mudanças nas vidas delas começam desde o primeiro dia, independente da idade e das limitações.Elas são estimuladas a retomar a vaidade, a buscar se arrumar, a cuidar do corpo, da alma e do espírito. A partir do momento que entram no grupo eu deixo claro para elas que, agora, são atores e atrizes. Beleza e boa estética são fundamentais para uma apresentação. Não demora, vem a recompensa com palavras como : “ você me tirou das cinzas” ou “saí da depressão” ou “conto as horas para chegar o dia do nosso encontro”, entre outras. Como faço um trabalho independente, sem ter conseguido até hoje, nenhum apoio financeiro, a quantidade de pessoas tem que ser limitada, por temporada. O transporte é o maior problema.
