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Seminário sobre envelhecimento no território do M´Boi Mirim destacou necessidade de ampliar notificações

Hermínia Brandão   siga no Instagram
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Um seminário organizado pela Supervisão Técnica de Saúde do M´Boi Mirim e o Fórum da Pessoa Idosa local, na manhã de 1º de agosto, na semana passada, apresentou, para cerca de 250 pessoas, os serviços que são ofertados no território pela Secretaria Municipal de Saúde e o perfil da população idosa. Na fala, de vários palestrantes, ficou destacada, a necessidade de melhorar formulários e protocolos usados pelos equipamentos, para ampliar notificações específicas que ajudem a identificar as necessidades de diferentes segmentos da região.

A palestra inaugural foi da assistente social, Especialista em Gerontologia e presidente do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento, Marília Berzins, que falou sobre Os Desafios e as Oportunidades no Envelhecimento. Entre os vários assuntos que ela abordou ressaltou o “Etarismo”, o nome que se dá ao preconceito contra pessoas com base na sua idade. “Todo mundo quer viver muito, mas ninguém quer ficar velho. Cabe também às pessoas idosas perceberem se não estão sendo preconceituosas”, disse a especialista. 

Estavam na mesa de debates: Antônio Carlos Caldeira Seba, da assessoria técnica para o segmento LGBTQIA+ da STS do M´Boi Mirim; Ângela Rosa Uemura, da assessoria técnica da ATSPI; Rosangela Lira, da assessoria técnica CRS Sul da ATSPI; Maria Tereza Malheiros Sapienza, da assessoria técnica da STS do M´Boi Mirim para população negra; Valdete Ferreira dos Santos da assessoria técnica da SMS, para população negra.

Representando o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa esteve presente a conselheira da Região Sul, Norma Rangel. Pela Coordenadoria de Políticas Públicas, da Prefeitura de São Paulo, Bruno Tadeu.

Nas projeções apresentadas, no auditório da Universidade de Santo Amaro, foi mostrado que: a maioria dos idosos do M´Boi Mirim tem baixo grau de escolaridade (da 1ª a 4ª série) o que aponta a necessidade da oferta de cursos e capacitações dirigidas; somente 264 notificações de violência contra a pessoa idosa foram registradas até 2023, o que sugere uma grande subnotificação; não existe registro da forma de acolhida das pessoas idosas LGBT junto às suas famílias. Mesmo considerando os números apresentados referentes à população negra, muito defasados (o slide era da PNaD 2012), ainda assim ficou evidente que existem exigências de apuração personalizada.

A  assistente social, Miriam Pimentel de Souza Rocha, coordenadora do Fórum da Pessoa Idosa do M´Boi Mirim destacou a importância dos membros do Fórum participarem desse tipo de atividade que debate as políticas públicas de Saúde no território.

Para saber mais sobre o evento, o Jornal da 3ª Idade conversou com a Interlocutora da Área Técnica da Saúde da Pessoa Idosa da Supervisão do M´Boi Mirim, a enfermeira Ângela Rosa Uermura.

Jornal da 3ª Idade – Qual o balanço que a senhora faz desse encontro organizado com o apoio do Fórum da Pessoa Idosa do M´Boi Mirim?

Ângela Rosa Uermura, Interlocutora da Saúde da Pessoa Idosa da Supervisão do M´Boi Mirim – O balanço que faço é em primeiro lugar sobre a população do território. Ela traz desafios e um olhar mais atento às suas necessidades, para que eu siga as diretrizes que estão desenhadas a população idosa há muitos anos. A Secretaria Municipal de Saúde, desde 2010, tem a RASPI (Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa) e a partir daí foi acrescentando vários outros equipamentos e programas. O olhar da população reconhecendo o que existe e fazendo cobranças eu vejo como um elogio, como um retorno ao trabalho que está sendo desenvolvido.

Jornal da 3ª Idade – O Seminário buscou mostrar um esforço das equipes do território em desenvolver novos protocolos, mas também deixou claro a deficiência na coleta de indicadores que o sistema municipal tem como um todo. Como isso pode ser melhorado?

Ângela Rosa Uermura, Interlocutora da Área Técnica da Saúde da Pessoa Idosa da Supervisão do M´Boi Mirim – A população idosa com seu crescimento está desafiando os equipamentos da Saúde a abranger mais equipes, a alcançar melhorias estruturais para que realmente atendam a todos de maneira mais rápida e precisa.

Jornal da 3ª Idade – Como os profissionais, que já estão atuando nos equipamentos existentes, podem ajudar a melhorar o atendimento para a população do território?

Ângela Rosa Uermura, Interlocutora da Área Técnica da Saúde da Pessoa Idosa da Supervisão do M´Boi Mirim – Para desafio dos profissionais que estavam aqui fica aquela cobrança de mudanças. É dizer que tem que mudar o olhar, suas habilidades, suas práticas, em função de toda uma legislação já existente, das recomendações de conselhos e das discussões que são feitas.  

Jornal da 3ª Idade – Na sua apresentação a senhora colocou que a AMPI (Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa na Atenção Básica) já apresenta indicadores que os demais palestrantes reclamaram não existir em outros protocolos. Como isso poderá ser integrado?

Ângela Rosa Uermura, Interlocutora da Área Técnica da Saúde da Pessoa Idosa da Supervisão do M´Boi Mirim – A AMPI traz avanços que precisam ser observados e destacados. Existem necessidades de dados inclusivos que já estão contemplados na AMPI. Por exemplo, quando nos referimos a população LGBTQIA+ percebemos que os formulários existentes ainda apresentam a dicotomia, homem e mulher, que já não temos mais na AMPI. Pensando no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) temos que melhorar esses instrumentos e pensar o que pode ser trazido para o território, como uma ILPI ou uma forma de acolhida. 

Jornal da 3ª Idade – Os números apresentados sobre a violência contra a pessoa idosa no território foram muito baixos, o que sugere uma subnotificação.

Ângela Rosa Uermura, Interlocutora da Área Técnica da Saúde da Pessoa Idosa da Supervisão do M´Boi Mirim – A população ainda tem receio de levar para os equipamentos alguma coisa que não seja somente a parte curativa. A UBS ainda é vista somente como lugar para fazer uma consulta e não utiliza o espaço dos grupos de terceira idade para uma assistência social ou outra atenção. Talvez tenhamos que melhorar para receber essa pessoa que sofre violência, para que ela consiga ter essa abertura e organizar as coisas como ela precisa, em sigilo, no seu tempo, recebendo orientações.